Resenha Pessoas Normais – Sally Rooney

Resenha Pessoas Normais – “Pessoas Normais”

“Pessoas Normais”, da autora irlandesa Sally Rooney, é uma obra que provoca opiniões divergentes entre os leitores. Alguns a consideram um marco da literatura contemporânea, enquanto outros a veem como uma decepção. Para muitos, a expectativa em torno do livro é um fator determinante para sua recepção. As críticas frequentemente mencionam Rooney como “a voz da geração millennial”, o que pode gerar uma pressão que nem todas as histórias conseguem corresponder.

Resenha Pessoas Normais – Sally Rooney

Enredo

A narrativa gira em torno de Connell e Marianne, dois adolescentes que vivem em uma pequena cidade da Irlanda. Embora Connell seja popular, estrelar o time de futebol e ser amado pelos colegas, ele e Marianne se conhecem secretamente, já que ela é vista como a outsider. A relação inicial deles é marcada pela privacidade e insegurança, o que se intensifica quando ambos se reencontram na universidade em Dublin. Ao longo do tempo, a distância emocional e os desafios pessoais colocam à prova o vínculo que eles tentam manter, levantando questões sobre amor, comunicação e a busca pela identidade.

Personagens

Os protagonistas, Connell e Marianne, têm suas complexidades. Connell, embora tenha a favor a popularidade, é lamentavelmente inseguro. Marianne, por sua vez, é uma jovem intensa, cuja trajetória é marcada por conflitos familiares e problemas de autoestima. O livro intercalada suas perspectivas, permitindo ao leitor compreender como suas vidas se entrelaçam, mas também como os seus medos e inseguranças os mantêm distantes.

Embora Rooney tenha uma habilidade indiscutível para criar diálogos autênticos, os personagens parecem, em alguns momentos, agir como se tivessem uma maturidade além de sua idade. Essa discrepância pode levar à frustração do leitor, especialmente aqueles que esperam um retrato mais fiel da juventude.

Estilo da Autora

A prosa de Rooney é direta e sem adornos. Ela opta por um estilo minimalista, apresentando diálogos que surgem organicamente dentro da narrativa, sem separações típicas. Essa abordagem pode gerar uma leitura dinâmica, mas também pode ser percebida como superficial. Os capítulos alternam entre os pontos de vista de Connell e Marianne com saltos no tempo que mantêm o ritmo da história, embora algumas transições não sejam tão suaves.

Temas

“Pessoas Normais” aborda temas como identidade, relações familiares e autoconhecimento, mas também toca em questões mais sombrias, como saúde mental e a complexidade do amor jovem. No entanto, a maneira como alguns desses temas são tratados — especialmente doenças mentais — pode deixar a desejar, parecendo desprovidos de profundidade emocional.

Conclusão

Ao final da leitura, “Pessoas Normais” deixa uma impressão ambígua. O livro possui uma premissa intrigante e personagens que, em sua essência, tornam-se relacionáveis. No entanto, a execução pode deixar os leitores com a sensação de que faltou algo a mais. Para quem se interessa por histórias que exploram as nuances das relações humanas e os desafios da juventude, “Pessoas Normais” ainda vale a pena ser lido, especialmente considerando sua adaptação para a série “Normal People”, que trouxe à tona novos olhares sobre os mesmos dilemas apresentados na obra.

Se você está em busca de um romance moderno que discorra sobre as complicações do amor e da amizade, “Pessoas Normais” pode ser uma leitura interessante, mesmo que não seja unânime em sua recepção. As conversas em torno do livro e suas adaptações certamente continuam a fomentar discussões sobre a realidade da geração millennial.