Resenha do livro Sul da Fronteira, Oeste do Sol

Resumo do livro

Recentemente, mergulhei nas páginas de Sul da Fronteira, Oeste do Sol, uma obra envolvente de Haruki Murakami, publicada pela Companhia das Letras (Selo Alfaguara). A leitura começou de maneira despretensiosa, pois até então eu não conhecia bem o estilo do autor japonês. No entanto, ao longo das 176 páginas, a sensibilidade e a narrativa única de Murakami me conquistaram de forma inesperada, mudando totalmente minha percepção sobre a obra.

Resenha do livro Sul da Fronteira, Oeste do Sol

A trama é cativante e instigante, retratando relações intensas entre personagens que se veem enredados em memórias e paixões profundas. O protagonista, Hajime, apresenta um ponto de vista masculino, o que, por vezes, pode me causar estranhamento. No entanto, Murakami consegue transmitir a complexidade emocional de Hajime de forma que me senti próximo de suas reflexões e dilemas.

Para entender melhor o contexto, é revelador conhecer a sinopse: Hajime nasceu em 1951 em um subúrbio de Tóquio e, ao chegar à meia-idade, alcançou todas as conquistas esperadas: um casamento estável, duas filhas e uma carreira bem-sucedida como proprietário de dois clubes de jazz. Contudo, ele luta contra um desconforto persistente, a percepção de que essas realizações não correspondem à verdadeira felicidade. Além disso, uma lembrança da infância, ligada a uma garota solitária e intelectualmente estimulante chamada Shimamoto, persiste em sua mente.

A narrativa de Murakami é marcada por um lirismo que capta a simplicidade da vida de Hajime, cheia de sucessos e desilusões. Acompanhamos suas memórias de infância, onde a conexão com Shimamoto se destaca. Ambos, filhos únicos, compartilham uma amizade singular, acentuada pelo amor à música e a solidão que carregam. No entanto, a adolescência e as circunstâncias os afastam, fazendo emergir o erotismo e a exploração de novas relações, ações que, no futuro, trarão consequências significativas para Hajime.

O desenrolar da narrativa nos leva à fase adulta de Hajime, que agora vive com sua família e gerencia os clubes de jazz. O reencontro com Shimamoto, quase duas décadas depois, em uma noite chuvosa, desencadeia uma série de eventos que o forçam a reavaliar suas escolhas e sua própria vida. O mistério que envolve Shimamoto a torna ainda mais intrigante, e a melancolia do reencontro reforça o tema do vazio que permeia a vida de Hajime.

Murakami habilmente apresenta a solidão e a nostálgica busca por completude, fazendo com que Hajime questione o que falta em sua vida. Seus encontros com Shimamoto, frequentemente em cenários chuvosos, evocam a bela canção Star-Crossed Lovers, de Duke Ellington, que serve como uma trilha sonora para a poesia de suas memórias compartilhadas.

Em Sul da Fronteira, Oeste do Sol, Murakami entrelaça romance, mistério e uma paixão intensa, criando um clima quase noir que se desenrola no Japão. Mais do que isso, os personagens são palpáveis e complexos, repletos de traumas e segredos que os marcam. As ações e motivações de Hajime, Shimamoto e outros coadjuvantes são reveladas pela perspectiva e interpretação do protagonista, tornando a obra uma reflexão sobre como percebemos os outros e as expectativas que depositamos neles.

Essa leitura me proporcionou várias reflexões acerca de conexões humanas e as frações que vislumbramos no outro. Sul da Fronteira, Oeste do Sol é, sem dúvida, uma obra que instiga e emociona. E você, já teve a oportunidade de ler esse livro? Qual foi a sua impressão? Compartilhe suas ideias nos comentários!

• Leia mais sobre o livro no Resumo do Livro