Comecei a ler O Sol na Cabeça durante uma viagem e, logo nas primeiras páginas, Geovani Martins capturou minha atenção. Descrito como um “fenômeno literário brasileiro” que já encantou leitores em oito países, o autor vai muito além dessa alcunha. Através dos contos que compõem a obra, ele nos transporta para as ruas vibrantes e complexas do Rio de Janeiro, onde sua voz, como um homem negro e criado nos morros, ecoa questões sociais profundas e urgentes.
Resenha do livro O Sol na Cabeça
A forma como Geovani articula suas narrativas é um espetáculo à parte. Com uma linguagem que mescla o cumprimento do dia a dia com toques da oralidade única das comunidades cariocas, ele se transforma em um verdadeiro camaleão literário. Como bem destaca João Moreira Salles na contracapa do livro: “Geovani pula da oralidade mais rasgada para o português canônico como quem respira”. Um exemplo disso pode ser encontrado no conto “Rolézim”, que figura entre os destaques da obra.
Em uma entrevista, Geovani compartilhou que a habilidade dele em se adaptar às diversas formas de falar o português brasileiro surgiu de sua experiência de vida nas favelas do Rio, em contato com cada facção e suas peculiaridades. E, embora seu relato possa ser contundente, essa transformação da vivência em literatura não é uma tarefa simples. A forma como ele revisita a rotina das comunidades é de uma destreza admirável, revelando uma abordagem ousada que, em alguns casos, pesa na leitura.
Sem dúvida, o autor não se esquiva de discutir temas complexos e entristecedores como a violência policial, o vício, o tráfico de drogas, a morte e a intolerância religiosa. Estes tópicos são relevantes e permeiam a vida dos moradores das favelas, especialmente em tempos tão conturbados no Brasil. O livro faz-se, portanto, um retrato social extremamente necessário.
Ainda que algumas realidades apresentadas possam parecer distantes para muitos de nós, Geovani, por meio de seus personagens vívidos, nos permite vislumbrar a complexidade dos relacionamentos que permeiam essas comunidades. Ele habilmente cria uma identidade entre a obra e o leitor, como se quebrou a barreira entre mundos diferentes para nos convidar a uma reflexão.
Os personagens do livro, afirmando o autor, são construções de seres humanos, repletos de nuances, complexidade e imprevisibilidade. Essa afirmação ressoa em cada conto, tornando a leitura não apenas cativante, mas também uma experiência profundamente enriquecedora.
Portanto, O Sol na Cabeça é uma leitura imperdível, que desafia e envolve, ao mesmo tempo em que nos provoca a pensar. O convite é claro: deixem-se levar pela narrativa poderosa de Geovani Martins e permitam que suas palavras adentrem seus corações e mentes.
"Oi, sou a Minerva! , uma leitora ávida e escritora dedicada. Com 25 anos, meu amor por livros me inspirou a criar este blog, onde compartilho resumos e resenhas sobre minhas leituras favoritas. Aqui você encontrará recomendações de livros, reflexões sobre temas importantes e minhas impressões sobre os personagens e enredos que mais me emocionaram. Se você é um amante de livros em busca de novas histórias para se envolver, junte-se a mim nesta jornada literária."
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