A Redescoberta das Escrituras Sagradas

A Redescoberta das Escrituras Sagradas

O retorno de Lutero à Itália nos dias de hoje o deixaria surpreso com a ampla disseminação das Escrituras Sagradas, que agora estão disponíveis em um vasto número de edições e cópias. Ele certamente ficaria impressionado com a infinidade de obras exegéticas que ocupam as prateleiras das livrarias, incluindo as seletas dedicadas à temática religiosa.

A Redescoberta das Escrituras Sagradas

Essas considerações são feitas pelo cardeal Gianfranco Ravasi, presidente do Pontifício Conselho para a Cultura, em um artigo que revela como, em sua época, Lutero já percebia um desinteresse pela Bíblia. Ao criticar a Igreja romana, ele enfatizava seu papel não apenas como comentador, mas também como tradutor das Escrituras. Em 1521, Lutero deu início à sua tradução do Novo Testamento e, nos 12 anos seguintes, trabalhou no Antigo Testamento, resultando em uma versão completa em alemão que se tornou um marco na formação da língua e da cultura alemã, além de um grande sucesso editorial.

Se Lutero estivesse entre nós hoje, observaria que a Sagrada Escritura não é mais ignorada; pelo contrário, é um tema de rica profusão e discussão. A quantidade de novos livros sobre a Bíblia que se acumulam em minha mesa é um reflexo dessa vitalidade editorial. Espero que cada leitor possa identificar algum tópico que lhe desperte interesse, como o grande filósofo Tommaso Campanella uma vez expressou: “Quantos livros existem no mundo não saciam o meu apetite profundo: como eu comi! E de jejum, porém, eu morro…”.

Discutindo a questão da tradução, destaco uma das mais renomadas, a Bíblia dos Setenta, que foi organizada sob a direção de Paolo Sacchi. Esta obra se destaca por apresentar o texto grego com uma versão em italiano ao lado, refletindo o fato de que cada tradução implica uma interpretação significativa—sendo esta a tradução utilizada pelo Novo Testamento.

Além das traduções, existe a antiga prática de criar “introduções”, que servem como guias para as Escrituras. Estas introduções ajudam a elucidar as complexidades das páginas que, à primeira vista, podem parecer simples, mas que são repletas de enigmas históricos e profundidades teológicas. Um exemplo é a análise meticulosa sobre a Torá e a historiografia do Antigo Testamento, coordenada por Gianantonio Borgonovo e colaboradores, que serve como um excelente exemplo do alto padrão da pesquisa atual. Outro exemplo é a Introduzione al Nuovo Testamento, cuidadosamente elaborada por Martin Ebner e Stefan Schreiber.

Explorando o conteúdo das Escrituras, somos levados pelos 73 livros que integram a Bíblia, cujo nome, derivado do grego, significa “os livros”. Começamos com os primeiros capítulos de Gênesis, que trazem à tona uma vasta gama de questões literárias, filosóficas e teológicas. O trabalho de Federico Giuntoli para a coleção Nova Versão da Bíblia a partir de Textos Antigos exemplifica como esses capítulos são apresentados de maneira clara e acessível. A coleção também abrange os Provérbios, um verdadeiro legado de sabedoria, editado por Sebastian Pinto.

A análise exegética mais sistemática encontra seu espaço na coleção Os Livros Bíblicos, publicada pelas Paoline e pelas edições San Paolo. A mais recente edição trata do intrigante Livro de Juízes, que apresenta líderes como Débora e Sansão, sob a perspectiva do estudioso Giovanni Rizzi.

Ademais, o Antigo Testamento contém textos que ostentam uma surpreendente contemporaneidade, como o enigmático Qohelet (Eclesiastes), que já tem dois comentários novos: um de Franco Piotti e outro de William P. Brown, ambos explorando a busca de sentido presente nessas páginas antigas.

Nesta mesma linha de publicações, dois outros comentários sobre Josué e o Primeiro Isaías foram lançados, trazendo uma nova luz sobre a conquista da Terra Prometida e a obra do profeta do século VIII, respectivamente.

Os Salmos, que têm um papel crucial nas tradições de oração de judeus e cristãos, também merecem destaque. Marquei essa coleção poética como a base para minha última pregação em Exercícios Espirituais.

Os Salmos são uma compilação de 150 poesias, incluindo um conjunto de 15 salmos conhecidos como o “Canto das Ascensões”, que são discutidos por Gianpaolo Anderlini e que evocam tanto a ascensão física quanto espiritual.

Agora, caminhamos para os 27 livros do Novo Testamento, que possuem uma riqueza de 138.013 palavras em grego. Contudo, por questões de espaço, deixamos essa exploração para um próximo encontro, onde poderemos continuar a análise do tesouro que as Escrituras oferecem—um patrimônio que transcende a teologia e toca a cultura.

Por fim, sugiro a todos a leitura de duas obras que ressaltam a beleza estética das Escrituras: Robert Alter, um renomado crítico, apresenta uma análise de “A Arte da Poesia Bíblica”, enquanto Jean-Pierre Sonnet traz à tona “Questões de Poética Narrativa na Bíblia Hebraica”, contribuindo para nosso entendimento da rica tapeçaria literária que é a Bíblia.

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Minerva Sofia

"Oi, sou a Minerva! , uma leitora ávida e escritora dedicada. Com 25 anos, meu amor por livros me inspirou a criar este blog, onde compartilho resumos e resenhas sobre minhas leituras favoritas. Aqui você encontrará recomendações de livros, reflexões sobre temas importantes e minhas impressões sobre os personagens e enredos que mais me emocionaram. Se você é um amante de livros em busca de novas histórias para se envolver, junte-se a mim nesta jornada literária."

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