A Carta de Pero Vaz de Caminha

A Carta de Pero Vaz de Caminha

A “Carta de Pero Vaz de Caminha”, também conhecida como a “Carta a el-Rei Dom Manoel sobre o achamento do Brasil”, é um importante documento histórico redigido pelo escrivão português Pero Vaz de Caminha.

A Carta de Pero Vaz de Caminha

Datada de 1.º de maio de 1500, e escrita em Porto Seguro, Bahia, essa carta foi enviada a Lisboa sob a responsabilidade de Gaspar de Lemos, um renomado navegador da época.

Embora tenha sido produzida no século XVI, a carta só foi redescoberta no século XVIII, por José de Seabra da Silva, que era um influente estadista e ministro, além de guarda-mor da Torre do Tombo.

A divulgação acadêmica do documento é creditada ao filósofo e historiador espanhol Juan Bautista Munoz, e sua primeira publicação no Brasil ocorreu em 1817, na obra intitulada “Corografia Brasilica”.

Um dos primeiros a editar o texto em território brasileiro foi o Padre Manuel Aires de Casal, um geógrafo, historiador e sacerdote que dedicou grande parte de sua vida ao Brasil.

É fundamental destacar que a Carta de Caminha é reconhecida como o primeiro documento escrito no Brasil, o que a torna um marco literário significativo do país. Ela representa uma das primeiras manifestações literárias do movimento conhecido como Quinhentismo.

Estrutura da Carta

Manuscrito e Composição

A estrutura da carta segue um formato epistolar habitual da época, iniciando-se com formalidades dirigidas ao rei D. Manuel I. Após essa introdução, o texto evolui para um estilo mais próximo de um diário de bordo.

Composta por sete folhas, cada uma dividida em quatro páginas, a carta exibe o estilo literário predominante dos textos portugueses até o século XV. A organização temporal do manuscrito confere um ritmo ordenado à narrativa.

Pero Vaz de Caminha utiliza uma linguagem cuidadosamente elaborada que cativa o leitor, proporcionando uma leitura fluída e envolvente.

Conteúdo da Carta

O cerne da carta é a comunicação ao rei sobre a descoberta de novas terras. O entusiasmo dos europeus em face do “Novo Mundo” é evidente nas descrições de Caminha. Ele relata suas impressões sobre o território que viria a ser conhecido como Brasil, documentando as características físicas que avisto.

Além disso, ele narra o desembarque dos portugueses nas praias e o primeiro contato com os indígenas, além da realização da primeira missa no Brasil.

Curiosidades

O termo “descobrimento” é frequentemente questionado por estudiosos contemporâneos, uma vez que ignora a presença dos povos indígenas que habitavam a região antes da chegada dos exploradores europeus.

Trechos da Carta

“Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho, e quartejados, assim pelos corpos como pelas pernas, que, certo, assim pareciam bem […]”

“Todos andam rapados até por cima das orelhas; assim mesmo de sobrancelhas e pestanas. Trazem todos as testas, de fonte a fonte, tintas de tintura preta […]”

“Mostraram-lhes um papagaio pardo que o Capitão traz consigo […] Deixaram de comer, pois não queriam tocar na comida trazida.”

Pero Vaz de Caminha: Um Breve Perfil

Pero Vaz de Caminha nasceu na cidade do Porto, Portugal, por volta de 1450, e faleceu em Calicute, na Índia, em 15 de dezembro de 1500.

Descendente de uma família nobre, pois seu pai era o Duque de Bragança, Caminha teve uma formação educacional robusta. Atuou como tesoureiro e escrivão na Casa da Moeda e também exerceu a função de vereador na cidade do Porto.

Em 1500, ele fez parte da expedição de Pedro Álvares Cabral ao Brasil, um evento que culminou em sua imortalidade histórica ao registrar as primeiras impressões sobre as terras recém-descobertas.

Conclusão

A “Carta de Pero Vaz de Caminha” não é apenas um relato sobre a descoberta do Brasil, mas uma obra que proporciona insights valiosos sobre o encontro de culturas e a formação da identidade brasileira desde os primeiros momentos. Esse documento permanece como um testemunho da história em transformação e é essencial para compreendermos o passado do país.